sábado, 3 de março de 2012

Final de novela aprendizado!

 Palavras de Rodrigo....
Dizem que o amor acaba, que o amor termina, mas nao é a verdade. Nada acaba, tudo dura, continua e se transforma. Enquanto eu aguardava aquela cirurgia mil anos se passaram. As duas estavam la dentro e eu pensava: se acontecer alguma coisa com elas, eu morro. Dizem que passa um filme de nossa vida na nossa cabeça e por isso eu vi. Vi voces duas meninas, chegando na nossa casa; vi nós tres, juntos, ainda pequenos, e tantos e tantos momentos vi você erguendo taças, troféus, tua imagem na revista, inacessivel, distante da criança que eu era e que voce era tambem. Depois da nossa fuga de casa, o nosso medo e a nossa coragem e o salto sem rede de tantas vezes, se chama amor. Vi voce indo embora, sendo levada de diferentes formas, tantas e tantas vezes. E depois vi voce voltando e no fundo dos seus olhos, como num rio, tudo que a gente nao tinha vivido. A partir daí eu vivi dividido entre dois amores, entre duas vidas, uma que eu tava vivendo e outra que eu jamais tinha podido viver; e durante os meus piores momentos enquanto aguardava naquela sala, como se a doença da nossa filha tivesse me curado, e eu entendi que nao tinha mais divisão nenhuma. O que tinha sido vivido, o que tinha ficado pra tras, tudo, era parte de uma mesma historia, de uma mesma vida e de um mesmo sentimento: Amor. E foi então que eu vi, nós dois, juntos, cruzando fronteira. (…) Como se estivesse alcançado a outra margem de um rio, o rio quando a gente se amou pela primeira vez, o rio do meu acidente, mas sempre um rio. E porque naquele momento eu precisava ser forte, finalmente, e sem escapes, eu consegui atravessar aquele rio eterno. Como se num instante eu tivesse vivido todos os anos que ainda estavam parados e me esperando, do outro lado da fronteira, que sem perceber nós ja tinhamos cruzado. Uma infância compartilhada, uma adolescencia truncada, uma juventude não vivida. Do lado de cá, dois adultos maduros, finalmente libertos daquele fardo pesado, feito de lembranças, de sonhos antigos, porque há novos sonhos do lado de cá da fronteira e agora podemos viver.’

 "...o mais importante e bonito, do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas estão sempre mudando. Afinam e desafinam". Guimarães Rosa no Grande Sertão: Veredas.

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